terça-feira, 17 de agosto de 2010

auto conhecimento

Minha intenção não é despertar a pena das pessoas. Eu me sinto aliviada por ter conseguido enxergar que eu estava vivendo um erro que nem sei como reverter se não for pedindo desculpas.
Desejar o mal das pessoas é o pior sentimento que se pode ter, mesmo que for inconsciente e percebido depois de muito tempo nessa vida.
Eu sempre me considerei uma pessoa boa, sempre achei que as pessoas podiam contar comigo, sempre procurei ajudá-las com minha mísera experiência, claro, mas as vezes as pessoas só precisam de quem as ouça.
Escolhi uma profissão que até ontem condizia com o que meu auto-conheceimento dizia a mim quem eu era, estou estudando psicologia, para com técnicas ajudar as pessoas, mas como uma pessoa como eu pode fazer isso? Se eu consigo ser tão maldosa com alguém que amo tanto, imagina só se eu poderia escutar e ajudar uma pessoa desconhecida a se entender melhor.
Eu não diria que estava vivendo uma mentira, porque eu sei que tenho meu lado bom, mas certas coisas são imperdoáveis e não se resolvem só com desculpas, precisa-se de atitudes verdadeiramente boas, e já que eu não posso contrrolar meus maus desejos eu prefiro assegurar as pessoas que não passem mais tempo algum comigo, que não me contem nada, que não me permitam participar de suas vidas.
Se eu não sei distinguir meus sentimentos e nem reconhecer meus limites, não vou continuar errando.
Fico muito feliz por eu ter percebido isso antes de sair por aí machucando outras pessoas, fico mais feliz ainda porque sei que tenho a chance de tentar não me envolver com mais ninguém e não causar mais nenhum tipo de decepção.
Se na minha vida as coisas não estão indo bem, as alegrias e conquistas dos meus amigos deveriam ser para mim um trampolim de esperança para tentar conquistar o que eu mereço, mas meu merecimento não vai além do que já tenho. Tenho mais do que deveria, sinto pena das pessoas que tem que conviver comigo e estão sujeitas as minhas conspirações.
É muito ruim não poder escrever um texto bonito, e tenho medo desse texto, eu tenho medo da pessoa que me tornei. E gostaria de ressaltar que isso não é para que me digam: "que isso, você é ótima" ou "tente mudar, evite pensar, você consegue".
Isso é só um pedido de desculpas e uma tentativa de explicação ou confissão a todos que se sentirem tocados com isso ou já passaram por uma grande decepção por minha causa.
O lado bom disso tudo foi eu ter conseguido perceber a magnitude dessa constatação, assim posso evitar qualquer contato com pessoas boas, para poupá-las do meu negativismo exacerbado.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Onde está?

Eu queria saber de onde vem todo esse desânimo, essa tristeza, essa passividade.

Queria ser uma boa psicóloga para entender as trevas da mente humana, porque um ser dito humano é capaz de cometer atrocidades com alguém de sua própria família, porque as pessoas mentem tanto, algumas tão naturalmente, manipuladoras como psicopatas?

Eu queria saber onde eu perdi aquilo que eu tinha, uma coisa que me fazia sentar e começar a escrever, eu até que escrevia legal, sério mesmo, onde eu perdi essa coisa? Era tão massa o que saía, palavras às vezes até desconexas mas que acabavam fazendo um enorme sentido.

Será que quando eu era mais jovem eu tinha mais paciência para escrever? Ou eu tinha mais assunto, mais trevas para desvendar na minha cabeça? Eu escrevia bastante quando estava triste e quando as coisas davam errado, escrevia também morais da história.

Agora estou triste mas não consigo escrever como antes, porque? Sabe, tá parecendo que me acomodei na minha tristeza e não tenho mais aquele bonito desejo de mudanças, me acomodei com a insegurança, com acordar cedo, com a faculdade nada promissora.

Eu queria aqueles "ares de antigamente", onde eu tinha metas e alcançava melhorias aos poucos. Era um tempo de constantes mudanças, de progressos, os quais agora nem passam pela minha cabeça, nenhum tipo de evolução, nem espiritual.

Acho que cansei de reivindicar, de lutar, de sempre procurar algo que nunca chega, algo escondido que na verdade não passa de imaginação.

Alguém pode desenhar o meu futuro num pedaço de papel?

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Jaboti

A médica tirou o remédio que mais me dava sono, Fenergan, conhece? Remédio muito conhecido como derruba-leão nos hospitais psiquiátricos. Eu melhorei, estou sim com menos sono. Tô mais animada, alegre, contente.
Ah, eu dei uma "boa engordada" nesses últimos 3 meses, agora tô tentanto emagrecer, e tô confiante. Não tá difícil, tá legal. Quando temos um objetivo e um grupo de apoio fica bem mais fácil, e eu tô adorando.
Algumas tardes eu vou caminhar no jaboti, e tá sendo uma delícia, mas é principalmente pela companhia, a vista é bonita, eu gosto (tirando o sapo e o gambá morto), mas a companhia é essencial.
Eu queria falar dessa companhia, que na verdade está sendo uma descoberta muito agradável. Apesar de já nos conhecermos há tempos, agora é que estamos nos conhecendo de verdade, nos unimos em uma época difícil, estávamos mal, mas agora que estão passando esses ares de poluídos de azar conseguimos tirar proveito de uma fase ruim para nos apoiarmos também nessa fase boa, de mudanças positivas.
Eu estava com medo de que fôssemos companhia uma para a outra só enquanto estávamos "doentes", mas não foi assim, continuamos juntas, amigas.
A gente não gosta de gayzisse, de amorzinho, sentimentalismo, mas eu acho que às vezes faz falta, e é isso que estou fazendo aqui, gayzisse mesmo, pra dizer o quanto eu a amo e o quanto ela está sendo especial, indispensável.

Um beeeijo, viiiu, queriida.

terça-feira, 18 de maio de 2010

2ª Consulta

E hoje é o dia de mais uma consulta, para eu ter uma segunda opinião.

Bom, na minha última consulta a médica foi legal, mas parece que ela não me escutou ou acatou as coisas que eu disse que sentia. Ela me deu muitos remédios, não queria tantos. Ela disse que aos poucos vai tirar, mas não sei não, hein, prefiro consultar-me com outra médica, quero ter outra opinião, um diagnóstico não pode ser dado em uma única consulta, não é certo, o caso tem que ser melhor avaliado. Apesar de que os psicólogos pensam assim a respeito dos diagnósticos, já os psiquiatras são mais automáticos, juntam os sintomas e dão o resultado, prática que não considero muito assertiva.
Comecei um regime, me descuidei demais desde quando comecei a não me sentir muito bem, só que não tenho certeza se estou num período bom da minha vida para fazer regime, é muita pressão fazer regime e tratamento psicológico ao mesmo tempo. Ou não, talvez até o tratamento psiclógico me ajude a ir bem no regime. Espero que sim.
A última psiquiatra me indicou que eu fosse à um psicólogo de linha psicanalítica, ainda não fui pois estou esperando pra ver qual será a indicação da psiquiatra de hoje.
Na última consulta fiquei muito nervosa, não conseguia parar de tremer, só consegui falar com ela porque antes havia escrito todos os sintomas esquisitos que eu achava que tinha. Hoje não sei se vou ficar nervosa, espero me sentir mais à vontade e não esquecer de nada importante.
Realmente gostaria que ela me desse atestado para alguns dias, tá foda vir trabalhar, mas acho que se ela pensar que eu esteja com depressão ou algo do tipo, o essencial será não parar com minhas atividades.
Atestado, atestado, atestado!!!
Quando repito a mesma palavra ela perde o sentido às vezes e, eu a desconheço, acho estranha, igual a mim.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O dia fatídico.

Eu tinha uma consulta psiquiátrica marcada para terça-feira, mas a tal da médica ficou com gripe e desmarcou. Detalhe: Quando estou com gripe vou trabalhar, me arrastando mas vou.

A consulta está marcada para hoje, quinta-feira. Pareço estar tão bem, tão normal, comum. Porque quando chega perto do dia da consulta a gente melhora? É um tipo de alívio instantâneo ou normalidade fingida? Tenho que estar bem para conseguir explicar tudo para a médica ou tenho que ir lá numa pira, para ela ver que realmente fico mal e não é frescura? Será que eu tenho medo de ter uma coisa séria e não quero tomar remédio, ou eu tenho medo de não ter uma coisa séria para não existir remédio que resolva? Acho que não vou suportar que a médica diga que não tenho nada, aí fica mais difícil de me tratar. Mas não pode ser que eu não tenha nada, não pode. Imagina só, as pessoas me dizem que preciso de psiquiatra, a psicóloga disse que preciso de psiquiatra e não poderia esperar, eu mesma sempre achei que precisasse. Não é frescura, eu sei que não, porque não dá pra controlar. Quando passa, um dia depois por exemplo, eu tenho consciência, consigo analisar, consigo rever, mas não consigo entender o porquê na maioria das vezes.

Eu queria tanto ser uma pessoa esclarecida. Primeiro, esclarecida de mim mesma, e depois, esclarecida a respeito da sociedade, das regras, como se comportar, o que é essencial. Sou a confusão em pessoa. Como é possível sentir e não saber o que é? Não poder nomear, não conseguir distinguir se é bom ou ruim. Não saber se um pensamento seu só está lá para te confundir ou ofuscar a sua realidade. CRARO NÉ, se ele está lá pra me confundir, aí é que eu não poderia saber a verdade mesmo. Será que nosso pensamento nos confunde "pro nosso bem"?

Porque não mandamos em nós mesmos se nossos pensamentos são NOSSOS, produzidos pelo NOSSO cérebro, pelo NOSSO corpo? Não podemos ter controle de nós mesmos e isso é muito esquisito. Porque nossa mente engana, boicota?

Cara, e eu tô fazendo psicologia. Tô me metendo num barco furado, quase afundando. A psicologia é muito louca mesmo.

Ai, vou trabalhar.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pai, Mãe, Mary Barnes.

A semana tá sendo mesmo estranha. Ontem eu tava esquisita, nenhuma novidade, mas eu tava muito na euforia de alguma coisa, não conseguia parar de me mexer, falava com as pessoas do trabalho como se fossem meus amigos, pernas e mãos inquietas, na faculdade não consegui me concentrar por muito tempo direto na mesma aula, no mesmo assunto, acabei por distrair minhas amigas, elas riram de mim sem parar, gosto de ser engraçada. Consegui entender que a maneira de análise funcional que aprendemos no ano passado não é muito legal, que não podemos separar em A, B e C, que temos que ver como um todo, e não me perguntem mais nada. Ontem tava difícil de dormir, não queria, se eu pudesse teria ficado acordada a noite toda lendo meu livro, Viagem Através da Loucura, por Mary Barnes e Joseph Berke. Mary Barnes é uma esquizofrênica, que tinha uma família toda doente. A mãe sempre teve problemas, o irmão também. O pai era o menos problemático da família, aparentemente, a não ser por ter que aguentar uma família toda doente. O livro é muito bom, muito interessante, pra mim tem que ser mesmo, porque eu odeio ler e fico muito feliz quando, raramente, consigo me ater à uma leitura. Nesse livro, é contada uma história onde a família e os pais são o "estopim" da doença dos filhos, e em muitos lugares é assim, os filhos adoecem por conta de proteção demais ou de menos dos pais. Ontem foi falado na sala de aula que doenças psíquicas, em sua maioria, não são genéticas, e podemos herdar culturalmente de nossos pais, meio que copiando-os, da maneira como são, acabamos adquirindo algo que tiverem. Isso não é regra, é hipótese, dentre tantas outras, porém, pode servir como explicação. Tenho medo de que eu fique um dia como minha mãe, ela é muito inteligente, é uma artista, mas também sofre de bipolaridade e sua fase mais persistente é a depressão. Ela tem vícios muito ruins, que por hora estão controlados, com muito custo. Sei que com minha experiência com ela eu aprendi muitas coisas que não devo fazer, tomei grande parte de sua história pessoal e familiar como um exemplo a não ser seguido, por isso acho que me foi de grande valia ter passado por tudo isso, e ainda estar passando, infelizmente, principalmente levando em conta a carreira que pretendo seguir, a de psicóloga. Ela e meu pai são um ótimo exemplo de como se educar os filhos, e saber medir liberdade e obrigações, e sou muito grata à eles por isso.
Não sei se eu quero escrever mais alguma coisa, sinto que falei demais, e tem algo me apertando no peito, me dando um frio, um ruim. Prefiro não escrever mais.