quinta-feira, 15 de abril de 2010
O dia fatídico.
A consulta está marcada para hoje, quinta-feira. Pareço estar tão bem, tão normal, comum. Porque quando chega perto do dia da consulta a gente melhora? É um tipo de alívio instantâneo ou normalidade fingida? Tenho que estar bem para conseguir explicar tudo para a médica ou tenho que ir lá numa pira, para ela ver que realmente fico mal e não é frescura? Será que eu tenho medo de ter uma coisa séria e não quero tomar remédio, ou eu tenho medo de não ter uma coisa séria para não existir remédio que resolva? Acho que não vou suportar que a médica diga que não tenho nada, aí fica mais difícil de me tratar. Mas não pode ser que eu não tenha nada, não pode. Imagina só, as pessoas me dizem que preciso de psiquiatra, a psicóloga disse que preciso de psiquiatra e não poderia esperar, eu mesma sempre achei que precisasse. Não é frescura, eu sei que não, porque não dá pra controlar. Quando passa, um dia depois por exemplo, eu tenho consciência, consigo analisar, consigo rever, mas não consigo entender o porquê na maioria das vezes.
Eu queria tanto ser uma pessoa esclarecida. Primeiro, esclarecida de mim mesma, e depois, esclarecida a respeito da sociedade, das regras, como se comportar, o que é essencial. Sou a confusão em pessoa. Como é possível sentir e não saber o que é? Não poder nomear, não conseguir distinguir se é bom ou ruim. Não saber se um pensamento seu só está lá para te confundir ou ofuscar a sua realidade. CRARO NÉ, se ele está lá pra me confundir, aí é que eu não poderia saber a verdade mesmo. Será que nosso pensamento nos confunde "pro nosso bem"?
Porque não mandamos em nós mesmos se nossos pensamentos são NOSSOS, produzidos pelo NOSSO cérebro, pelo NOSSO corpo? Não podemos ter controle de nós mesmos e isso é muito esquisito. Porque nossa mente engana, boicota?
Cara, e eu tô fazendo psicologia. Tô me metendo num barco furado, quase afundando. A psicologia é muito louca mesmo.
Ai, vou trabalhar.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Pai, Mãe, Mary Barnes.
Não sei se eu quero escrever mais alguma coisa, sinto que falei demais, e tem algo me apertando no peito, me dando um frio, um ruim. Prefiro não escrever mais.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Paciência (ou a falta dela)
Tem coisas do trabalho das pessoas que eu não preciso aprender, e nem quero, não precisa ficar me ensinando, mano, e não venha me pedir para te ajudar em nada, porque suas perguntas são burras demais, do tipo de como se muda a letra no word. Se você não fosse tão metido a saber de tudo e dar opinião sobre tudo e para qualquer um, eu até que te daria um desconto, mas não, você é cheio de palavras chiques mas duvido que saiba realmente o que quer dizer. Cada coisa que lê tem que me falar, pelo amor de santo deus, cristo, ô meu crissxto.
As pessoas sempre me falam que qualquer coisa, se tiver muito corrido, podem me ajudar, mas na verdade mesmo sou eu quem tenho que acabar ajudando todo mundo. Sou eu quem tem que saber de tudo, tudo é pra mim, vem pra mim, eu tenho que saber dar todas as informações, mesmo que não seja do meu setor.
Ah, os motivos que despertam minha raiva são inúmeros, as vezes podem ser considerados bobagens, mas para mim não são. Enquanto eu estava bem eu conseguia aguentar quieta e relevar a sua chatice, mas agora eu não tô dando conta, cara, tá difícil.
Eu não aguento, tô cansada disso, enquanto eu tento escrever aqui estou tendo muitas, muitas interrupções, não tá dando certo, e eu não quero ser mal-educada. Acho que preciso mesmo de umas férias, porque a coisa tá feia, e eu vou acabar demonstranto minha raiva e desafeto.
Me salva.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Fantasia
Hoje o dia esteve estranho. Senti-me tremendo as mãos, mas elas não pareciam tremer, aparentemente. Vi na rua uma mulher e uma garota de uns 7 anos, já tinha as visto antes, elas estavam sentadas num pedaço de papelão na calçada e estavam com roupas boas. Seriam recém "desenricadas"? As pessoas estavam olhando para mim, elas sabem de algum plano ou alguma nova idéia que eu não sei, e o pior de tudo, elas sabem que eu não sei, e também não é pra eu saber, porque é uma conspiração. As pessoas têm umas caras esquisitas, juro que hoje vi duas mulheres tão feias que duvidei que fossem desse planeta. No trabalho não quero cumprimentar ninguém, e nem ser legal, não tô com vontade de me fazer "de legal". Tive medo de andar sozinha na rua, parece que as pessoas querem me comer com os olhos. Quando eu estava saindo do banco quase perguntei à uma mulher o que tinha de estranho na minha cara, na minha roupa, mas não tive coragem, ela podia estar contra mim.
Tá, isso é coisa da minha cabeça. O problema é que só depois eu vejo isso, na hora é real, mas enquanto estou na rua, com todos me olhando, indefesa, não consigo imaginar uma trégua dessa fantasia.