quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pai, Mãe, Mary Barnes.

A semana tá sendo mesmo estranha. Ontem eu tava esquisita, nenhuma novidade, mas eu tava muito na euforia de alguma coisa, não conseguia parar de me mexer, falava com as pessoas do trabalho como se fossem meus amigos, pernas e mãos inquietas, na faculdade não consegui me concentrar por muito tempo direto na mesma aula, no mesmo assunto, acabei por distrair minhas amigas, elas riram de mim sem parar, gosto de ser engraçada. Consegui entender que a maneira de análise funcional que aprendemos no ano passado não é muito legal, que não podemos separar em A, B e C, que temos que ver como um todo, e não me perguntem mais nada. Ontem tava difícil de dormir, não queria, se eu pudesse teria ficado acordada a noite toda lendo meu livro, Viagem Através da Loucura, por Mary Barnes e Joseph Berke. Mary Barnes é uma esquizofrênica, que tinha uma família toda doente. A mãe sempre teve problemas, o irmão também. O pai era o menos problemático da família, aparentemente, a não ser por ter que aguentar uma família toda doente. O livro é muito bom, muito interessante, pra mim tem que ser mesmo, porque eu odeio ler e fico muito feliz quando, raramente, consigo me ater à uma leitura. Nesse livro, é contada uma história onde a família e os pais são o "estopim" da doença dos filhos, e em muitos lugares é assim, os filhos adoecem por conta de proteção demais ou de menos dos pais. Ontem foi falado na sala de aula que doenças psíquicas, em sua maioria, não são genéticas, e podemos herdar culturalmente de nossos pais, meio que copiando-os, da maneira como são, acabamos adquirindo algo que tiverem. Isso não é regra, é hipótese, dentre tantas outras, porém, pode servir como explicação. Tenho medo de que eu fique um dia como minha mãe, ela é muito inteligente, é uma artista, mas também sofre de bipolaridade e sua fase mais persistente é a depressão. Ela tem vícios muito ruins, que por hora estão controlados, com muito custo. Sei que com minha experiência com ela eu aprendi muitas coisas que não devo fazer, tomei grande parte de sua história pessoal e familiar como um exemplo a não ser seguido, por isso acho que me foi de grande valia ter passado por tudo isso, e ainda estar passando, infelizmente, principalmente levando em conta a carreira que pretendo seguir, a de psicóloga. Ela e meu pai são um ótimo exemplo de como se educar os filhos, e saber medir liberdade e obrigações, e sou muito grata à eles por isso.
Não sei se eu quero escrever mais alguma coisa, sinto que falei demais, e tem algo me apertando no peito, me dando um frio, um ruim. Prefiro não escrever mais.

Um comentário:

Rafael Only disse...

Quando seu pai me emprestou esse livro, eu estava no começo dessa fase negra que estou agora, de não ter disciplina alguma pra leitura. Claro que vou querer saber mais sobre isso, até por ter muito mesmo a ver com minha história.
Estamos numa fase boa, acrdite, ou não, e já lhe disse, estou aqui, para ser seu porto, e também seu despejo. te amo.